quarta-feira, 1 de abril de 2009

Um capítulo por dia: a história dos folhetins


Folhetim: 1 Seção literária de um periódico. 2 Fragmento de romance que aparece diariamente num jornal. (Fonte: Dicionário Michaelis)


"A arte de se fazer esperar, desejar". (Émile de Giardin)


O folhetim é um gênero literário que surgiu na 3ª fase do jornalismo (Jornalismo de mercadoria). Conhecido na França como Feuilleiton, era uma parte do jornal onde se publicavam variedades, como críticas literárias, resenhas teatrais, anúncios diversos e receitas culinárias, mas seu maior destaque foi com a publicação de romances em fragmentos.


O folhetim teve seu nome derivado das "folhas internas" do jornal. Tratava-se de um sub-produto, apresentado internamente, e nunca possuía um lugar de destaque no jornal. Melhor dizendo, compunham o "rodapé".

Em julho de 1836 Émile de Giardin, editor do jornal francês La Presse, começa a publicar em rodapés de jornais os romances seriados que vêm a ocupar todo o espaço do folhetim.

O romance espanhol Lazarillo de Tormes, de escritor anônimo, inaugura o gênero. Outros romances tiveram destaque na época como La vielle fille (A Menina Velha) de Honoré de Balzac, O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, e Os Mistérios de Paris, de Eugène Sue. O sucesso dessas histórias foi tão grande que tornou o folhetim o primeiro produto da indústria cultural nascente. Também foi o grande responsável pelo aumento das tiragens dos jornais, contribuindo para a sua modernização

Os folhetins tinham um público específico: o operariado. Como este público ainda estava imerso na cultura oral e não dominava muito bem a escrita, a linguagem era, portanto, de caráter popular, e as letras eram grandes e espaçadas.

Para atrair o público, as histórias eram normalmente tiradas das notícias do próprio jornal e envolviam assassinatos, seqüestros, estupros, e outros crimes que faziam parte da rotina de vida dos operários. Como o romance folhetinesco aparece após a Revolução Industrial, numa sociedade em processo de urbanização, este deveria agir como educador, ou seja, como veículo de valores da sociedade industrial urbana. Estavam impregnados de lições de moral. As histórias eram maniqueístas e as características ideais da sociedade se concentravam nos personagens bons e as negativas, que geravam a degradação social, personagens maus.


A narrativa fragmentada em episódios, a fim de facilitar a leitura das massas, e o suspense, que possuía um "gancho" para o próximo episódio, com a função de manter a curiosidade dos leitores, são características marcantes dos romances folhetinescos. Foi o próprio Giardin quem criou a expressão do "continua no próximo capítulo", frase que fechava todas as histórias de cada edição.


A história dos folhetins continua na próxima quarta-feira. Quando saberemos a história desse gênero no Brasil.
Na foto acima, Émile de Giardin. Foto retirada do site: www.1851.fr/images/arnaud/girardin.jpg


Ingrid Navarro