quarta-feira, 8 de abril de 2009

Folhetim: último capítulo


Como a história se desenrolou no Brasil e onde estão os folhetins nos dias de hoje.





Como foi dito quarta-feira passada, os folhetins surgiram na França no século XIX e se caracterizavam por serem pequenos trechos de romances ou contos que no final de cada capítulo deixavam ganchos, para que o leitor continuasse a acompanhar a história.

No Brasil, eles surgiram pouco tempo depois de estabelecidos na Europa, com o intuito de fazer a população ler e comprar mais jornais. Eram publicados diariamente em periódicos por todo o império, fazendo com que as tiragens aumentassem exponencialmente e que autores brasileiros tivessem uma maior visibilidade e prestígio junto à população. Tanto é que José de Alencar, Machado de Assis, Lima Barreto, Joaquim Manuel Macedo e vários outros tiveram suas principais obras publicadas em jornais antes de virarem livros (A Moreninha, de Joaquim Manuel Macedo foi o folhetim mais popular na história do Brasil).

Com o advento de novas mídias de comunicação, cultura e entretenimento, os folhetins foram deixados de lado pelos jornais e incorporados a esses novos meios. O rádio, por exemplo, começou a dramatizar a dramatizá-los, criando assim as radionovelas. Já a televisão buscou na linguagem folhetinesca aspectos que pudessem ser utilizados no formato televisivo, como os ganchos no final dos capítulos e a abordagem de temas populares e polêmicos.

Atualmente o gênero continua dando muita audiência nas telenovelas e seriados de TV. Outro fato curioso é que os livros que se aproveitam dessa idéia e são publicados em vários volumes, popularizam-se cada vez mais e ganham um grande espaço nos cinemas, como é possível observar na trilogia Senhor dos Anéis de J.R.R Tolkien, na saga Harry Potter e na série Crepúsculo, o novo fenômeno teen.

Enquanto esse formato ganha mais e mais admiradores em outros meios, os jornais perdem leitores todos os dias. Seria sensato olhar para trás e ver como os folhetins ajudaram os periódicos diários a saírem de tempos difíceis e tentar incorporá-los às suas páginas, com uma nova roupagem, para ver se conseguimos mais uma vez prolongar existência desse meio de comunicação que vem resistindo há mais de dois séculos.

Gustavo Chiodetto

Imprensa Capital



Estruturada desde o início pela produção e comercialização capitalista, a imprensa acompanha e está sujeita às oscilações de mercado e o surgimento de novas tecnologias. O jornal impresso sente na pele esses efeitos. Com a atual crise vêm caindo o número de anúncios em suas páginas, uma de suas principais fontes de renda. Isso, atrelado à migração do público-leitor para a internet, o que fez diminuir o número de exemplares vendidos nas bancas, foi o empurrão que faltava para que alguns jornais como Seattle Post-Intelligencer, Christian Science Monitor, Rocky Mountain News fechassem suas portas.

A internet permite a propagação de informações com maior velocidade, simultaneidade e exclusividade. Mas, por enquanto, tem comprometido alguns princípios de base do jornalismo, como uma apuração mais aprofundada das informações, melhor elaboração dos textos e maior interpretação do assunto. Isso é provado por uma enorme quantidade de erros encontrados com freqüência nos sites de informação. Também está em pauta a discussão sobre uma visível característica dos blogs: o estreitamento de opinião, ou seja, tanto o leitor quanto o autor priorizam idéias compatíveis com as deles.

Sendo o individualismo uma característica marcante do sistema capitalista e sendo esse sistema o que originou e rege a imprensa, ele influencia diretamente o modo que a sociedade capta e digere as informações por meio de novas tecnologias. No século XV a tipografia na Europa permitiu a leitura e o raciocínio individual, ao contrário do que acontecia antes com as leituras coletivas dos livros manuscritos. Esse fenômeno equipara-se ao que ocorre hoje. Por meio da internet que permite, através dos blogs, uma visão mais individualista, o leitor vai diretamente ao que lhe agrada e não se interna com outras versões e opiniões da mesma história. Dessa forma, a tecnologia criada pelo capitalismo intensifica as características dele e o sistema serve-se de suas próprias invenções para, mais uma vez, influenciar diretamente os caminhos da imprensa.


Foto retirada do site: http://aeinvestimentos.limao.com.br/imagens/materia/financas/queda_materia.gif


Tamires Teo