quarta-feira, 6 de maio de 2009

Edgar Leuenroth e a A Plebe brasileira


Na década de 1910, com a já instaurada Republica Velha, o Brasil passava por problemas sociais, principalmente com o alto custo de vida, que se agravou com a Primeira Guerra Mundial. A situação em que o país se encontrava repercutia nas relações trabalhistas. As longas jornadas de trabalho, salários baixos, desemprego, exploração do trabalho infantil e a desvalorização da mão-de-obra feminina, foram fatores importantes que culminaram na Greve Geral de 1917.

È em meio a esse furor que nasce o jornal A Plebe, fundado pelo jornalista Edgard Leuenroth (1881-1968), que sempre esteve envolvido no desenvolvimento de diversos jornais libertários. O conteúdo do jornal tinha como base a discussão sobre a luta e resistência libertária no Brasil, a defesa dos princípios anarquistas como doutrina social que preconizava uma sociedade livre, bem como a organização sindical contra a opressão do Estado, e era publicado mensalmente.

Leuenroth usava o jornal não só para apoiar o movimento grevista, como também assumiu para si o papel de articulador da paralisação. Era considerado pela polícia o mentor “psico-intelectual” da greve, motivo pelo qual foi preso e processado. Sobre a prisão escreveu:

"Muito tempo ainda não havia decorrido, quando se verificou a minha prisão. Iniciou-se então minha peregrinação pelos postos policiais, com o fim de serem burlados os "habeas corpus" requeridos quando fui transferido para a Cadeia Publica, hoje Casa de Detenção. Após seis meses, fui levado ao Tribunal do Júri, para ser julgado pela estúpida acusação de ter sido o autor psíquico-intelectual da greve geral de julho de 1917. Fui absolvido por unanimidade de votos, após dois adiamentos, com o intuito de impedir de ter também como defensor, ao lado do dr. Marry Junior, o grande criminalista dr. Evaristo de Morais. Passado algum tempo, divulgou-se a notícia de deportação de alguns militantes proletários para outros Estados." (Edgard Leuenroth)

Por defender a causa operária, Edgard passou a colecionar desafetos da direita burguesa. A redação e gráfica do jornal seriam depredadas por estudantes da Faculdade de Direito de São Paulo revoltados com suas críticas, diante dos policiais que nada fizeram para impedir.

Outro fato marcante envolveu o nome do periódico, durante um espetáculo para arrecadar fundos para o jornal, quando o sapateiro operário Ricardo Cipolla, fundador do Centro Libertário Terra Livre foi morto a tiros no palco do Salão Leal Oberdan por Indalécio Iglesias, um espanhol que andava entre os anarquistas e queria ser policial.

Sua publicação foi interrompida em julho de 1924, ressurgindo apenas em fevereiro de 1927. O jornal teve sua ultima publicação em 1949.

Edgar Leuenroth permaneceu ativo em sua militância anarquista até falecer, aos 87 anos, por conta de um câncer hepático. Seu legado permanece vivo e ele, até hoje, é considerado um dos grandes nomes do jornalismo libertário brasileiro.