Enviado para a cidade de Aalst, no interior do país, Daens vai viver com seu irmão, um jornalista. Na cidade, depara-se com uma situação de miséria e exploração da classe operária: mulheres e crianças trabalhando em turnos de longa duração, recebendo salários irrisórios, em péssimas condições de trabalho (logo no início do filme há uma impactante cena que mostra a morte de uma criança dentro de uma fábrica).
Indignado, o Padre utiliza-se do jornal do Partido Católico para relatar essas agruras e divulgar ideias a fim de incitar as massas trabalhadoras a batalhar por condições dignas de trabalho e existência, além de propor o sufrágio universal, implementando um Estado democrático e justo.
Na defesa dessas ideias, Daens incomoda os industriários da época e a própria Igreja, aliada a eles. Passa, então, a ser perseguido.
Situado numa época de ampla divulgação de ideias dentro do jornalismo e de fortes mudanças na estrutura política, o filme retrata o surgimento dos jornais políticos, a utilização da imprensa como agente de mudanças sociais, a rivalidade entre ideologias políticas e o surgimento da Social Democracia, que prega a igualdade de oportunidades, ao invés da igualdade de fato pregada pelo Socialismo.
Além de uma narrativa envolvente aliada a uma fotografia seca e planos corretos, o filme conta com diálogos que sintetizam as questões da época e atuação sensível e consistente de Jan Decleir como o agoniado e determinado padre Daens.
Na foto acima, o verdadeiro padre Daens. Foto retirada do site: http://www.aalst.be/
Danilo Thomaz