terça-feira, 31 de março de 2009

Nelson Rodrigues e a vida como ela AINDA é



Tem gente que nasce para o ofício! Quando o pernambucano Nelson Rodrigues (1912 – 1980) começou o trabalho como jornalista, ainda não existia curso profissionalizante pra tal área. Jornalismo era algo muito mais pessoal; ou a pessoa sabia fazê-lo ou permaneceria sem saber.Como jornalista, ele sabia intervir na sociedade, influenciá-la intelectualmente e expor conflitos, não só aqueles de cunho político, social e econômico, mas conflitos pessoais e internos, alguns abjetos, que muitas vezes não reconhecemos por falta de autoconhecimento ou por excesso de pudor.

Samuel Wainer, dono do antigo jornal “Última Hora”, convidou Nelson Rodrigues para ser seu colunista, em 1950. O que deveria ser uma coluna policial, fiel à realidade, acabou se tornando algo muito próximo de um folhetim sob o nome de “A vida como ela é...”, mas nem por isso seus textos se afastaram da realidade. Não eram como os folhetins de Machado de Assis. Neste espaço, eram abordados temas como sexo, inveja, adultério, obsessão e ciúme – desmascarando e subvertendo a conservadora sociedade suburbana e burguesa da época.

A realidade vai além do óbvio. As manchetes dos jornais, algumas vezes, não correspondem à realidade diária de muitas pessoas e, em outras vezes, evitam assuntos de interesse comum. Os contos do jornalista, publicados no jornal “Última Hora”, estão mais para relatos imaginários do cotidiano do que para ficção propriamente dita, fruto do olhar jornalístico de Nelson Rodrigues aliado ao seu olhar ficcionista, proveniente dos trabalhos que desenvolveu como dramaturgo, na captura das entrelinhas do cotidiano.

Por mais moderno que o mundo se apresente, ainda existem tabus, aparências e confrontos morais que apesar de gerarem –muitas vezes com resistência- impactos diferentes na sociedade de hoje, partem dos mesmos dilemas individuais e morais, quando comparados a década de 50. E é por isso que a “ficção” dessas narrativas é uma leitura prazerosa e reflexiva e ainda faz tanto sucesso.

As histórias já tiveram o formato de um programa de rádio e, hoje, são encontradas em livros: “Cem contos escolhidos – A vida como ela é” (em dois volumes pela editora J. Ozon), “Elas Gostam de Apanhar” e “ A vida como ela é...”, ambas pela Editora Agir.

Para complementar a leitura (ou se faltar coragem para ela), um dos contos, “A Dama da Lotação” foi adaptado pelo cinema em 1978, que conta no elenco com Sônia Braga, Nuno Leal Maia, Jorge Dória , Paulo César Pereio e tem direção de Neville de Almeida. A TV Globo adaptou contos da mesma coletanea, disponível em DVD duplo.


Yasmin Gomes

Repórter Esso: a síntese noticiosa que fez história


Nas décadas de 20 e 30, o rádio era uma das principais fontes de informação da população. Sua grade de programação jornalística era baseada nas editorias dos jornais. Em 1941 surge no Brasil a síntese noticiosa chamada de o Repórter Esso, baseado no estilo norte-americano de redação.

Herón Domingues, o repórter Esso, trouxe ao rádio brasileiro características que distinguem o rádio dos outros meios e perduram até hoje, como o imediatismo, a linguagem simples, direta, com frases curtas, concisa, com a finalidade de informar sem opinar, e a locução vibrante, tornando-se um referencial já na época.

Esse estilo inovador, junto à credibilidade na transmissão das informações, deram ao Repórter Esso uma grande dimensão nacional passando a ser o meio de informação preferido e mais confiável entre os brasileiros, sobretudo no período da Segunda Guerra Mundial e na Campanha o Petróleo é Nosso.

Por conta da linguagem estabelecida por ele, que permanece até hoje, podemos dividir a era do rádiojornalismo brasileiro em antes e depois do Repórter Esso. As inovações implementadas foram evoluindo, novas técnicas foram incrementadas, e o “estilo Esso” de rádiojornalismo continua em grandes emissoras como as rádios CBN (AM 780, FM 90,5) e Bandeirantes (AM 840, FM 90,9) que possuem sínteses noticiosas, respectivamente o Repórter CBN e Repórter On-Line, que agregam o estilo jornalístico do Repórter Esso.


No link abaixo, encontra-se a última edição do Repórter Esso, excepcionalmente filmada por conta disso.




http://www.youtube.com/watch?v=cIgSWgWH2kg&feature=related


Foto retirada do site: www.bastidoresdoradio.com

Guilherme Lorenzetti

domingo, 29 de março de 2009

Metajornalismo: o jornalismo a serviço do jornalismo


O jornalismo nasceu da necessidade por informação dentro da sociedade mercantil que surgia na Europa. Tendo por objetivo o acúmulo de capital, esta ordem social exigia a difusão de novas ideias e uma padronização de comportamento de modo a valorizar a livre iniciativa, incitar o consumo e tornar a população intelectualmente apta a trabalhar na conjuntura moderna. Para que isso ocorresse, a informação e o conhecimento foram transmitidos de modo organizado, contundente e abrangente, compondo uma unidade neste novo mundo.

Com a expansão urbana, capitalista e de produção do conhecimento, o jornalismo passou de organizador a eixo da sociedade, imprescindível para o entendimento do que ocorria na mesma. Ao longo dos anos, porém, o seu poder de transformação colocou-o em conflito com os interessantes políticos e econômicos de cada época e suscitou questões acerca de seu papel na sociedade e a maneira de exercê-lo.

Discutiu-se a questão da liberdade de imprensa e expressão; ética e imparcialidade na transmissão e análise dos fatos; a maneira como o mercado e a política influem no jornalismo; a qualidade de sua prestação de serviços, dentre outras questões.

Formado por 11 estudantes de jornalismo, o blog Metajornalismo visa, a partir de um prisma histórico e jornalístico, refletir sobre esses assuntos, pertinentes à imprensa brasileira contemporânea. O jornalismo será utilizado como ferramenta e conteúdo. Colocado a seu próprio serviço e de seu leitor-internauta, um de seus componentes, que será inserido na discussão por meio de enquetes e publicação de comentários. Com este trabalho metalinguistico, pretende-se mostrar a relevância de o jornalismo relatar, criticar e analisar a si próprio, além da realidade ao seu redor, para a construção de uma sociedade ética, crítica e democrática, da qual ele é um dos principais eixos.
Foto retirada do Blog do Planeta - site Jovem Pan

Danilo Thomaz
Editor-chefe