segunda-feira, 18 de maio de 2009

Uma Breve História da Nona Arte











A disputa por leitores é um fato conhecido por todos que se envolvem com os jornais, e, muitas vezes, essa vontade de aumentar as vendas faz com que as pessoas sejam presenteadas com algumas inovações. Nesse cenário, foram criadas as histórias em quadrinhos, também conhecidas como a "nona arte". Apesar de hoje algumas pessoas não os levarem a sério, os quadrinhos foram responsáveis por um enorme aumento nas tiragens do final do século XIX.


Os primeiros quadrinhos que deram cor às páginas dos jornais eram feitos a partir de personagens cômicos (crianças travessas, animais ou adultos estranhos). Foi ai que apareceu a expressão americana "comics". Oficialmente, o personagem pioneiro foi "the Yellow Kid" (na imagem logo abaixo). Criado em 1845, por Richard Outcault, o menino amarelo nada mais era do que uma charge com os textos escritos em suas roupas.



Por muitos anos os "comics" dominaram as publicações, mas com a quebra da bolsa e a grande depressão que assolava os E.U.A foram criados os personagens heróicos. O povo precisava de esperança e a encontraram em desenhos realistas de heróis que enfrentavam as dificuldades e venciam no final da história. Nessa época, onde as caricaturas eram deixadas de lado, surgiu o detetive Dick Tracy e o gênero policial encheu os quadrinhos de brutalidade.

No final da década de 30, Adolfo Aizen foi o responsável por editar um suplemento infantil no jornal "A Nação", que trazia compilações das "comics" americanas. Mais tarde, o jornal "O Globo" também lançou seu suplemento voltado para o público jovem e lançou a revista "O Gibi", que popularizou e rebatizou os quadrinhos no Brasil.

Nos anos 40, com a ameaça da II guerra mundial, os heróis passaram a ter poderes extraordinários e se transformaram em super-heróis. O primeiro a nascer com esse título foi o "Superman", seguido de centenas de outros justiceiros poderosos. Em 1941 foi criado o "Capitão América" com o objetivo de incentivar a juventude americana a lutar na guerra. Neste mesmo ano, os quadrinhos deram um salto qualitativo com a criação da obra-prima de Will Eisner, "The Spirit", que fazia uso primordioso de luz e sombra, se inspirava em técnicas expressionistas e tinha histórias que pareciam retiradas de contos literários.
Alguns anos depois do final da guerra, as histórias de terror cairam no gosto dos jovens. Publicações como "Contos da Cripta" dividiam opiniões. A sociedade conservadora, alegado a preservação da moral e dos bons costumes passou a perseguir e discriminar esse tipo de quadrinhos, fazendo com que fosse criado um código de ética como o que já existia no cinema. Apesar da perseguição da sociedade, essa época foi marcada pela criação de histórias adultas com personagens infantis vivendo em um mundo cheio de neuroses e inseguranças, como o americano "Peanuts", conhecido no Brasil como Charlie Brown, e a argentina "Mafalda".

Ainda na década de 50, aparece no Brasil o que iria se tornar o maior exemplo de sucesso nos quadrinhos nacionais: a "Turma da Mônica", criada por mauricio de Souza, que completa cinquenta anos agora, em 2009. As primeiras histórias seguiam o estilo de histórias com contéudo adulto e introspectivo, com o cachorro "Bidu" falando monólogos existencias com sua companheira "Dona Pedra". A personagem que se tornou protagonistas das histórias de Mauricio só foi aparecer pela primeira vez em 1963. Mônica foi inspirada na filha do cartunista e sua criação fez as histórias seguirem por outro caminho, visando agradar o público infantil.

Com o surgimento da contra-cultura, os quadrinhos passaram a adotar uma postura mais politicamente incorreta, abusando do sexo, drogas e rock'n'roll e se tornando parte do movimento underground. Personagens com "Fritz, The Cat" mostravam o lado feio da sociedade personificada em animais e rompia com a visão de que histórias de bichinhos são bobas e infantis. No Brasil, os quadrinhos "underground" ganharam muita força na década de 80 com a revista "Chiclete com Banana". Alguns de seus colaboradores, como Angeli, Laerte e Glauco, ainda estão na ativa publicando seus trabalhos em grandes jornais do pais, e influenciando muitos artistas da nova geração.



No quadrinho acima, a tira de Angeli. À direita, no início da matéria, capa da revista em quadrinhos "The Return of Autumn Mews", publicada em 1949.



Gustavo Chiodetto

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